Corrida e fumantes

Corrida e fumantes


Rendeu o post anterior. Pelos comentários, pela entrada de gente nova na discussão. Corrida e fumantes, assunto palpitante mesmo. Recebi um email bem interessante de uma nutricionista chamada Eleonora:

"Sou iniciante na prática do esporte, para ser exata, pratico há quase dois meses apenas. Mas já participei da minha primeira prova (Corrida Integração de Campinas-SP). Na verdade participei da Caminhada de 5,7 km. A maior parte do percurso fui caminhando e, no quilômetro final, saí correndo. Escrevo-lhe para contar a minha história.

Não sei como e nem porquê me interesei pela corrida, acho que pensei pelo lado prático da coisa. Sem academias, sem horários tão fixos, liberdade...

Fui atrás dos materiais que precisava para correr. Um tênis adequado, roupa e um porta mp3 que não poderia faltar! Comecei a treinar apenas com as dicas do pessoal das comunidades específicas no assunto. Gostei da sensação. Me inscrevi na primeira prova. Procurei outras, me inscrevi também. Comprei revistas relacionadas, inclusive a Runners. Se tornaram minha leitura favorita e fonte de pesquisas, afinal, sou nutricionista.

Ao participar da primeira prova caminhando, senti que, na verdade, eu gostaria de estar correndo como tantos outros, inclusive cegos, cadeirantes, idosos... E me perguntei "além da falta de preparo físico, porque eu não consigo correr?!?" Claro, a resposta mais óbvia foi "o cigarro!".

Tenho 24 anos e fumo desde os 19. Vi tantas pessoas da mesma idade e mais velhas numa condição física tão melhor do que a minha que me perguntei "onde eu vou parar desse jeito?!?" Resumindo, a participação na prova foi um fator decisivo para me estimular a largar o cigarro. Além do que, uma coisa que antes era prazerosa se tornou uma obrigação e isso é horrível em qualquer situação. Fumar virou uma obrigação e deixou de ser um prazer. Acho que tudo junto culminou na decisão de praticar um esporte e consequentemente parar de fumar.

Sinceramente, no meu caso, a lei antifumo não influenciou nisso. Mas sim a vontade de ter mais disposição e viver uma vida saudável dia após dia. Eu não penso muito nos anos que virão, mas sim no meu próximo dia, é uma meta mais viável e menos desanimadora. Com 24 anos, estava me sentindo uma pessoa de 70 anos. E agora estou me sentindo REALMENTE com 24 anos. Faz pouco tempo, mas a mudança é drástica, radical mesmo. Não é fácil largar um vício, mas estou tendo o apoio da minha família, amigos e dos meios de informação (revistas, etc...). Uma coisa eu digo, quem quer aconselhar um fumante jamais deve pressioná-lo e achar que é simples, mas sim compartilhar da sua dor (sim, porque dói... dói a cabeça, é difícil dormir, dá falta de ar) e mostrar a ele que existem coisas muito melhores a se fazer do que depender de uma coisa que te domina e te mata.

Bom, esse é meu depoimento sobre parar de fumar... No momento, estou fazendo "uso" do esporte e de gomas de mascar de nicotina. A melhor sensação é correr em direção à vida e não ao vício, é um giro de 359 graus, porque 360 você volta ao mesmo lugar. Sobre a revista, tenho uma sugestão: publiquem um pôster junto! Seria bem legal e acho que os iniciantes adorariam! De todas as revistas que eu li, a Runners é a mais democrática e leve. Porém para os iniciantes falta um pouco mais de minúcia (minha humilde opinião)."
Abraço!
Eleonora

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